sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Hoje estive olhando para este rosto que me persegue. Há tanto tempo eu não enxergava a sombra deste meu corpo e não via estes cabelos soltos.
Parece difícil escolher o que seguir e mais difícil ainda seguir o que escolheu. São tantos devaneios e atrasos, tantas decepções e erros, que acabam se esgotando as verdadeiras irrigações de um ser. Por quanto tempo pude estar junto de mim? E por quanto tempo fingi estar? Por quanto julguei? Por que me julgaram?
São sim distorções de si, explorações do que não faz parte, intimidação com um mundo que me acolhe e engole.
Pedaços de mim que ainda não descobri, e restos do que nunca me coube. Talvez também seja grande parte do que sonhei ser, e pensando ser, acabei me perdendo.
Esses sonhos que me põem ao chão também já me deixaram flutuar em céus de prata. E cobre. E ouro. E sangue.
E tantos deslizes me fizeram ver - por olhos e sentimentos- as vezes que me deixei abater por poucos drinks e as vidas que deixei passar por tão pouco tempo. Tempo em que, com minhas unhas em bordô, pude fazer de mim e de todos o que eu quisesse, porque não me abalaria. Não me faria cair, ser punida, banida. Me trouxeram então a última dose - que tomei há pouco- para que eu não pudesse mais rir dessa cara que me assombra, e para que me colocasse num mundo onde nunca quis estar antes.
E eis que estou aqui, pagando por meus goles e minhas tragadas. Bebendo mais um punhado desse fel que me fez doce, e dessa ânsia que me faz viva. Deixando esse rastro que se fez negro, e seguindo essa estrada que me deu escolhas.
Escolhi o doce do amargo. E o viver da vida.