terça-feira, 25 de maio de 2010

E se num passe de mágica tudo pudesse desaparecer?
Se num segundo eu pudesse me ter, e assim mostrar que estou no comando?
Por quantas trapaças alguém se vende, se compra, se mata?
Seria bom repousar enquanto os loucos correm em busca dessa perfeição irrealizável. Seria bom correr de si, mas é tão ridículo brincar de esconde-esconde sozinho...
Tanto mar lá fora, e você aqui, lutando contra a secura. Mar de areia. Promessas esquecidas e cinzas de anteontem.
Lacunas de saudade, desejo, calor. O frio me alimenta. Por isso um coração vazio de esperanças me habita.
E habito esse lugar que tentam salvar.
Calafrios, pulsação, detenção. Tanto eu aqui dentro que esqueço o que não sou. Ou sou e sendo, não me faz falta.
E se tudo pudesse aparecer?
Cresça, mostre, abale.
Se posso me ter, também posso te. Ter.
Repouso. Sem intenções de dias piores.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Tantas histórias pra contar e aqui estamos mais uma vez indagando por que não foi melhor. Agora que estamos tão juntos, tão sóbrios, seria bom uma dose, que não fosse forte demais, mas que não me deixe no mesmo estado. Que me arrebate e me leve pra longe, pro alto, infinito dentro do meu próprio peito. E mesmo assim sou metade do inteiro que eu sinto.
Vamos levar juntos aquela velha vida. Eu faço a comida, você põe a mesa, e me põe. No seu colo, na sua janta, na sua graça. Rimamos os finais pra fingir que sabemos viver bem, e afinal vivemos mesmo.
Eu em você e você na minha manha, no meu ar. Tão sereno que não parece amor. Parece arte. Vivemos de arte, sacana, própria de nós. E brindamos. Amar.
Arte de fazer e fingir tão bem que enganamos até a nós mesmos. Que magia tão fora de moda é essa que nos trai(atrai)?
Poucos minutos e te encontro no mesmo lugar, na mesma reza, no mesmo gozo. E vamos viver o resto de mais um dia. Sem intenções. Boas.

sábado, 8 de maio de 2010

Se me torno fria, o gelo me queima.
Tanto tempo sem perceber o mal que não me cabia, as feridas que ficaram abertas sem nem ao menos terem motivos para estarem lá sangrando, o jardim que todo dia estava lá esperando para que eu percebesse a beleza que eu poderia ter se tivesse prestado atenção no meu caminho.
Agora toda vez que sento aqui e me lembro do que poderia ser, agradeço pelo que está sendo. As tantas farpas que deixei, as tantas lágrimas que fiz cair, o meu mau humor de todo dia não afetaram somente às pessoas que estavam perto de mim. Afetaram a mim mesma, que tentei disfarçar por tanto tempo os buracos aqui dentro e agora me pego pensado no buraco que fiz nas pessoas, na minha falta de atenção e até na minha falta de tesão pela vida. Tudo por tão pouca esmola. Esmola que não me deu nada mais que dores e angústia.
Então decidi que por mais duro que seja, eu vou levar minha vida não para frente, mas para cima. Por que pra frente é fácil, é só empurrar.
E a cada vez que me tornar irracional, vou parar e lembrar que eu posso ser muito mais que isso para as pessoas e para mim mesma. Que eu posso fazer brotar o amor, eu posso fazer brotar sorrisos, eu posso e consigo tudo aquilo que por tanto tempo me impedi de fazer. Me sequestrei.
Agora se me torno fria, o gelo me queima.