terça-feira, 12 de maio de 2020

Tentando digerir (a quarentena, a comida, a loucura).
Das palavras já nem sei, são tantas e tão embaralhadas, proclamaram o fim do consciente que me regia. Estou aqui, mas a ligação caiu, ficou muda. Eu fiquei. Não lembro onde.
Entre tantos erros, acerto quando consigo a calmaria nesse turbilhão da mente. Inquieta.
O dia foi, vem voltando, e eu em planos. Eis que me vejo no caminho - qual deles já não é questão, só disseram que preciso escolher. Odeio escolhas. Carrego tudo nos braços, me despedaço, sou vulcão que consome tudo. E dói.
Não sei mais colocar em ordem. Nem as palavras, meu abrigo, estendem a mão.
Feito tudo, sobra ainda alma (já de outras passagens), estou inteira.
O mal passa logo.

terça-feira, 17 de março de 2020

Se houvesse mais noite, certamente estaria eu lá. Se nas trevas dessa noite houvesse mais sussuros, estaria eu lá. E se nesses sussuros houvesse mais devaneios, estaria eu lá. Não me ataque a pedra que sua mão afaga, andar no escuro também afoga mágoas. Ou as fomenta.
Certo que o laço da vida afrouxa quando tais tolices são escancaradas, mas poderia ser pior do que quando nos aperta?
No tilintar dos equipamentos parece que vai junto o batimento desse coração, como na vida que derrama alegrias e gozo, pulsando como outrora era.
E no final das contas, assim mesmo segue-se. Com laços frouxos ou nós, quem vai sucumbir à delícia venenosa que é a vida? Por isso no fim dizemos sempre o mesmo: era pra ser. A aceitação até cala a alma. E por tanto tempo que talvez ela já emudeça sem questionamentos. A noite é meu lugar. E lá estarei.