quarta-feira, 6 de abril de 2022

 Ao tempo, como ele é.

Um reflexo de outrora invade minha calma. Alma pulsante em êxtase, náufrago em terra. Deixo esvair meu último suspiro, não menos importante que o instante anterior. E tal qual liberta que sou, desejei voar. Atei-me ao chão. Nem sempre a terra é firme em nossos pés. Uma voraz com a delicadeza de um soco no estômago.

A beleza de ser o que nos trai toma o papel principal, e como fui tola. Encenei tantos papéis que me perdi. Seria o tempo capaz de tantos desencontros? 

O sagrado e o perverso nunca me pareceram tão sinônimos. Enchi-me de duelos solitários, vaguei à beira do abismo, me deixei escapar. Agora o que resta está  nesse corpo que me cobre, nesse rosto que me mostra, nessa fala que me cala. Fui tempo. Sou brisa.


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