domingo, 3 de janeiro de 2016


Eu o vi. Novamente o mundo caiu. E como num suspiro profundo, perdi o chão. Foi se esvaindo e tocou o céu.
Tão longe e tão breve.
O brilho nos olhos fez-se treva; a ânsia invadiu o que antes era calmaria. Sucumbi. Perdi o que me era real, a ilusão me pertenceu no imediato momento do toque. Foi brisa.
E assim, enquanto pairei no ar, dei de mim a melhor parte. Mistério.
Fui música e turbulência, corrida ao mar e desistência. Passei por ti aquela noite, e talvez não tivesse o necessário para me tornar visível - esperei ali quase a vida toda. Nada em vão. Acolhi o que me disseste, fui pedra em chuva. Ainda goteja em mim.
Eis que num estalo já não me achei. Foi você. Você me roubou de mim. E como num faroeste que há dias assisti, fui tragédia. Pura e louca.
Já não te vejo, não te sinto. E insisto em lembrar. No mesmo canto, no mesmo quebrar de ondas, no mesmo caminho que te vi cruzar com outros planos. Eu segui.
Assim, fui vento no deserto, ceguei meus planos. E os teus - bobagem minha citar você - foram caindo sem cessar. Assisti daqui também - que nada pude fazer. Foi como quis, deixei o verão passar- e talvez o resto das estações .
 Fui mar violento na tua calmaria. E agora tu vê de longe meu instante passar. Não sabe o quanto fui brisa pra te proteger.
Espero o teu número apagar, tua sombra deixar de me transcrever, teu breu raiar o dia. E não nego amor. A paz habita em mim.
Tenho em ti um pedaço da quimera perdida, um laço que deu nó, o cheiro do andar da vida. Ainda somos um só.
Te vi.
Ainda sou você.

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