Eu não quero chorar.
Não quero me encaixar nas tuas sombras.
Não quero dizer verdades doloridas. E mesmo tendo dito, não quero conectá-las ao fim.
Não quero ser parte de um porão cheio, mas vazio de sentido.
Não quero as tardes solitárias mirando o sol levar embora o brilho dos dias.
Não quero estar atenta ao que fere, porque não me interessam as mazelas da vida.
Não vou encarar mundos para descobrir que eles desabam sobre mim.
Recuso veementemente irradiar bem onde não cabem meus maus bocados.
Eu não quero chorar.
Não quero estar no quarto enquanto a sala brinda chegadas.
Não quero dispor meu sorriso onde minhas lágrimas não são bem vindas.
Não vou misturar o falado e o feito, que bem sei que a fala beira o erro.
Não quero desistir do que me traz paz, tampouco aceito que se vá.
Não há sorte maior que desejar a sorte de braços abertos.
Não quero esquecer... Que a vida precisa ser lembrada desde o sim ao jamais.
Não vou chorar. Meus medos apaziguaram. Meu torpor virou calma. Meu querer é vida, cor e deleite.
Eu não quero chorar.