Nada em mim é o normal
Nada além do corpo, que bombeia e espalha esse sangue que me cobre
Nada em mim encaixa como moldes e legos, perfeitos em suas funções
Nada parece belo e colorido como às vezes achei que deveria
Nada funciona como eu vejo no alheio
Ainda nada me deixa tão perplexa no espelho quanto tentar achar nos olhos, esses abrigos de alma, as partes que me completam
Nada em mim é acertado antes
É sempre gana, tropeço e aflição
Nada em mim é feito de 'espero e aceito'
Eu tenho ânsia, eu tenho pressa, eu tenho veias contraditórias e desconfiadas
Nada em mim vai te dizer o quanto estou verdadeiramente nessa pele enquanto me olhas
Nem sempre estarei
Nada em mim vai ser um sim alegre e destemido o tempo todo
Nada vai parecer igual todo dia
Nada que eu ainda desconheça me assusta, porque eu escancaro minhas entranhas quando sinto que posso mais (ou menos)
Nada em mim dirá que sim quando você achar que não
Nada em mim vai desafiar os achismos que não os meus
Nada em mim será tão entregue quanto o sentir
E essa parte assusta
Mas nada, absolutamente nada, será em vão, raso, mesquinho
Nada em mim foge do que é.
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