domingo, 10 de agosto de 2025

 Nada em mim é o normal

Nada além do corpo, que bombeia e espalha esse sangue que me cobre

Nada em mim encaixa como moldes e legos, perfeitos em suas funções 

Nada parece belo e colorido como às vezes achei que deveria

Nada funciona como eu vejo no alheio

Ainda nada me deixa tão perplexa no espelho quanto tentar achar nos olhos, esses abrigos de alma, as partes que me completam 

Nada em mim é acertado antes 

É sempre gana, tropeço e aflição 

Nada em mim é feito de 'espero e aceito'

Eu tenho ânsia, eu tenho pressa, eu tenho veias contraditórias e desconfiadas

Nada em mim vai te dizer o quanto estou verdadeiramente nessa pele enquanto me olhas 

Nem sempre estarei

Nada em mim vai ser um sim alegre e destemido o tempo todo

Nada vai parecer igual todo dia

Nada que eu ainda desconheça me assusta, porque eu escancaro minhas entranhas quando sinto que posso mais (ou menos)

Nada em mim dirá que sim quando você achar que não 

Nada em mim vai desafiar os achismos que não os meus

Nada em mim será tão entregue quanto o sentir

E essa parte assusta

Mas nada, absolutamente nada, será em vão, raso, mesquinho

Nada em mim foge do que é.

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