Eu vi o amor passar, e, claro como sol, ardeu-me os olhos.
Passou e deixou um rastro que ainda agora me passou uma rasteira. Dessas que caímos rindo, como se fosse fácil o êxtase.
Passou e me parece peculiar que tenha atingido justo a mim, abismo do incerto. Uma faísca que alastrou por toda essa praia que insisto em molhar os pés - quando é óbvio que até minh'alma deleitou-se no mar.
Passou e queria ficar, fez birra e beiço, e eu, encantada que sou, acolhi. Porque acolho sempre as vertentes que me maceram o peito.
Passou e agora enxergo, ouço em alto e bom som os acordes dessa valsa. Lenta na entrada e feroz em cada segundo de caça. Sou presa e predador.
Passou e doeu-me um tanto aceitar, que deveras seria meu, um pedaço um tanto seu, que agora chamo lar.
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